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Crítica literária – O Guerreiro Pagão (Bernard Cornwell)

by on agosto 8, 2014
 

O sétimo volume de “As Crônicas Saxônicas”, “O Guerreiro Pagão” (Editora Record, 2014), continua a história situada na época de Rei Alfredo e seus sucessores, personagens verídicos, junto de Uhtred Uhtredson, figura fictícia, o guerreiro pagão que foi criado pelos dinamarqueses, mas devido as reviravoltas da vida acabou por lutar ao lado dos saxões, apesar dos pesares. É possível começar a jornada de Uhtred aqui, mas é extremamente recomendado ler todos os volumes anteriores. É praticamente impossível largar esse livro, que possui um ritmo acelerado, antes do final. Infelizmente ele é um pouco menor do que os volumes anteriores, contudo o que se tem aqui é Cornwell em sua melhor forma, e quando a narrativa acaba te deixa com sensação de quero mais.

“O Guerreiro Pagão” tem uma estrutura estranha, mas ainda é uma maravilhosa narrativa e uma fascinante e diferente visão da história da Inglaterra. Uhtred de Bebbanburg, outro título por qual o protagonista e narrador da saga é conhecido, quer impedir seu filho mais velho de abandonar a religião nórdica e se tornar um padre cristão, mas logo as coisas saem de controle, e o pobre Uhtred se torna um pária sem casa e com poucos aliados. Sua única opção é tentar desesperadamente recuperar Bebbanburg, a terra ancestral de seus parentes, que foi tomada dele por seu tio traidor. Mas há problemas maiores, o destino de Bebbanburg é apenas um pequeno detalhe na grande peleja do que um dia virá a ser a Inglaterra.

A narrativa é interessante a todo o momento, mas até o grande dilema do livro se revelar demora um pouco. Contudo, as partes do começo que parecem não ter uma importância em um primeiro momento se mostram extremamente relevantes no final. O livro não engrena logo de cara, o que pode desanimar um pouco algumas pessoas, mas antes da metade ele engata o ritmo acelerado e é uma passagem emocionante atrás da outra.

E há o contexto histórico. Nesse romance histórico vemos a base do que virá a se tornar a Inglaterra que conhecemos. É impressionante acompanhar como os esforços de Alfredo salvaram Wessex de, por pouco, se tornar escandinava ao invés da Inglaterra atual.  Obviamente o autor toma algumas liberdades com a história real. Por exemplo, Chester, a antiga fortaleza romana, foi reconquistada pelos saxões anos antes da bataha de Tettenhall, ao contrário do que é visto no livro. Mas nada que estrague a narrativa e não diminui o valor histórico desse livro que mistura ficção e história verídica com maestria.

Um dos grandes destaques dessa série sempre foram as paredes de escudos, momentos extremamente tensos dos combates, onde a vitória e a derrota são definidos pela disciplina e coragem dos guerreiros. Em “O Guerreiro Pagão” esses momentos ainda são espetaculares, provavelmente os melhores da saga de Uhtred até então, pois a idade avançada, do protagonista, para ser um guerreiro, entra como um fator complicador aqui.  Outra parte em evidência desse livro é o simpático e arteiro personagem muito, muito jovem Athelstan, o futuro rei. É uma figura que ainda veremos um bocado nessa epopeia.

A edição nacional foi lançada pela Editora Record, assim como o resto da série. Possui 336 páginas, com direito a apêndices, mapa, notas do editor e do autor. É uma edição de primeira. Se você é colecionador da saga das antigas, compre logo para garantir a capa prateada, que está presente apenas na primeira edição do livro.

“As Crônicas Saxônicas” é uma franquia de livros fascinantes, que irá gerar uma ótima série de televisão. A Inglaterra foi fundada em lama, sujeira, mosquitos, os restos da estrutura romana e com muitas pessoas que cheiravam a sangue.  Para mim “O Guereiro Pagão” é uma leitura soberba, vale cada centavo e incentiva até a releitura dos volumes anteriores. Bernard Cornwell ainda é um contador de história de primeira. Não deixe de ler essa nova aventura pessoal de Uhtred, que vai colocá-lo num ardil capaz de reacender o confronto entre saxões e dinamarqueses, algo que pode selar de uma vez por todas o destino da Britânia, provando de uma vez por todas que o destino é inexorável.

Nota:  5 out of 5 stars (5 / 5)

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