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Crítica – O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (2014)

by on abril 16, 2014
 

Estreia no Brasil primeiro de maio. 

Homem-Aranha, criação de Jack Kirby, Steve Ditko e Stan Lee, é o amigão da vizinha, aquele herói que mesmo com super poderes rola uma identificação mais fácil com o público. Por que da identificação? Porque ele tem problemas do dia a dia, como não ter muita grana, brigas com a namorada, broncas do chefe, etc. E tirando esse lado mais pé no chão, ainda por cima o cara tem que lidar com bandidos e super vilões. Tudo isso, na maior parte do tempo, com bom humor. Pelo menos nos quadrinhos. No cinema tivemos a trilogia de Sam Raimi carregada no drama mas que retratava muito bem a vida dupla de Peter Parker, a identidade civil do Aranha. E também tivemos o primeiro Espetacular Homem-Aranha (2012), onde vimos um Peter meio descolado demais, vingativo demais, contudo com mais humor que a saga de Raimi. 

O Espetacular Homem-Aranha foi um recomeço cinematográfico corrido, os famosos reboots, para a Sony manter os direitos da franquia Homem-Aranha. O último filme da trilogia de Sam Raimi não foi lá essas coisas, e assim as pessoas pegaram leve com O Espetacular Homem-Aranha. Contudo, foi um consenso que a sequência tinha que comer muito feijão para fazer jus ao personagem. E agora temos O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (The Amazing Spider-Man 2 no original), que é o primeiro filme do Aranha totalmente filmado em Nova York, sendo a maior produção cinematográfica filmada na cidade. O custo disso é gigantesco. Sem contar que é o primeiro filme dessa nova saga que planta os frutos para Aranha 3, 4, filme solo do Venom e o longa do Sexteto Sinistro. Ou seja, esse não é um filme fechado e a Sony espera muito dessa produção. Será que compensou o gasto?

Marc Webb, o diretor do primeiro Espetacular e desta sequência, dessa vez diminuiu o tom melancólico e aumentou o tom descontraído e mais leve ao máximo. O Peter Parker interpretado pelo pescoçudo Andrew Garfield vai encarar de tudo, tanto emocional quanto fisicamente. É tanta coisa que ocorre nesse filme que falta espaço para desenvolver certos aspectos da vida do aracnídeo.

A história ocorre de onde o primeiro filme parou. Homem-Aranha esta sendo o Homem-Aranha, ou seja, lutando contra o crime sem parar. Logo na primeira cena vemos como Aranha já é mais confiante e sabe usar seus poderes com maestria. E o cara se diverte com o que faz. Peter é assombrado pela morte do Capitão Stacy, o pai de sua amada Gwen Stacy, e tenta o máximo possível ficar longe dela. Claro que isso vai ser complicado já que ambos se amam e o Peter da nova geração adora quebrar promessas. Parker ainda é obcecado em saber sobre o misterioso sumiço de seus pais e o envolvimentos desses com o Oscorp. E temos o Harry Osborn, do ótimo Dane DeHaan, um amigo de infância de Peter Parker que retorna para Nova York, aparentemente, para ver seu pai que não anda muito bem das pernas. Na verdade o jovem Osborn tem outras intenções e quer ver algo que o afeta diretamente. E a solução para o problema dele é algo tão idiota que… Ok, ok, vamos em frente. Adicione à trama Max Dillion (Jamie Foxx), um excluído social, que fica obcecado com o Aranha quando esse o salva.  Essa sua adoração acaba virando outra coisa quando esse sofre um acidente e se transforma em Electro. É um bocado de coisa, não?

A ação do filme é muito boa, apesar de ainda preferir sequências de ação com pessoas reais e esse filme se utilizar demais de efeitos de computador, o tão falado CGI. Contudo seu cérebro se acostuma depois de um tempo. O combate em Times Square é impressionante, algo que mostra o quão único são os movimentos do Aranha, é onde o filme tenta fazer você sentir simpatia pelo vilão trágico Electro. Ele não é tão complexo como o Doutor Octupus de Alfred Molina em Homem-Aranha 2, mas a atuação de Foxx tenta compensar as péssimas frases que colocaram para o adversário. Algumas vezes o ator tem sucesso, outras não.

Muito acontece nessa produção de 2 horas e 22 minutos. Eles querem deixar pontas soltas para os filmes futuros como Felicia, Sexteto Sinistro, etc.  Bem ou mal, acabam perdendo o foco de desenvolvimento de elementos presentes no filme atual. Nós vemos que Peter está na faculdade, contudo nunca vemos o maroto em alguma aula. Ficamos sabendo que ele freela no Clarim Diário, entretanto nunca põe os pés lá. E uma produção do Aranha perder a chance de mostrar o JJ Jameson é um desperdício. Até quem não gostou dos filmes do Raimi sabe do poder da presença desse personagem. Não lembra? Confira no vídeo abaixo para ver toda fodeza de JJ.

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Saudades de Jameson

A forma com que mostram o Sentido de Aranha nesse filme é, não poderia haver palavra melhor, espetacular. No melhor estilo Matrix, câmera lenta e tudo mais, vemos o herói avaliar o perigo e em poucos segundos conseguir prevenir um desastre. Ok que o teiudo é mais rápido que um raio, mas beleza, é um filme de super heróis, vamos relevar. O bom dessa produção é que esse é um filme de herói que o mesmo adora ser um herói. Ele gosta de proteger a cidade, dar esperança para as pessoas, e ninguém faz isso melhor do que o Homem-Aranha.

O visual dessa continuação é muito mais colorido que o filme anterior. Agora as coisas tem um quê dos quadrinhos das antigas, é quase surreal. A trilha é um pouco irritante, ditando tudo o que o espectador tem que sentir no momento, forçando um pouco a barra. Ou seja, a música de Hans Zimmer e Pharrell Williams, sim, aquele Pharrel Williams, não é uma Brastemp, infelizmente.

O humor do filme é bem pastelão. É bom ver que eles estão investindo num estilo mais bem humorado, mas há muitos momentos Zorra Total nesse filme. Claro que existem boas cenas, como na que vemos que o toque de celular de Peter é a música do desenho do Homem-Aranha, contudo não sei se são a maioria.  E os dramas do longa são dignos de uma novela. É meio difícil ligar para a amizade de Peter e Harry, por exemplo, já que eles ficaram sem contato por anos e nem tem muito tempo de cena juntos. E por que diabos perdemos tempo sabendo que a Tia May vai voltar a ser uma enfermeira?

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Humor é algo relativo. Se você rir da cena acima, esse é o filme pra você. 

Esse filme quer agradar a dois públicos. O público dos filmes de super heróis e o de filme de aventuras para jovens adultos, como Jogos Vorazes e Divergente (que sempre tem um destaque para um romance ou dois). Aqui a Sony investe com força no carisma de Emma Stone. Sua química com Andrew Garfield é inegável e o romance dos dois às vezes é adorável, com certeza vai atrair muitas garotas para o cinema. Pena que o romance é lotado de clichês, certos momentos um tanto irritantes, contudo na maior parte do tempo os atores conseguem se safar da galhofagem de suas falas devido ao comprometimento de ambos com seus papéis.

A Gwen de Emma Stone é um refresco para como as mulheres são mostradas em filmes de quadrinhos. Ainda mais aquelas sem super poderes. Ela é um personagem que gera empatia e faz o público se importar, um grande feito para uma produção com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. O problema da relação de Peter e Gwen Stacy é a promessa. Peter, devido a sua promessa de ficar longe dela, feita ao falecido pai da Gwen, em alguns momentos vira um babaca e um stalker bizarro da Gwen. Em compensação, Stacy também tem suas ocasiões de ingratidão. Tudo que uma boa conversa resolveria, mas que esta ali porque o roteiro fraco pede e assim se enrola mais a história.

Mesmo tendo um ou outro problema com o casal principal, em geral, eles funcionam bem. Bem mais do que os vilões de qualquer modo.  Os atores que dão vida aos adversários são excelentes, novamente se há algum problema é o roteiro. O Max de Jamie Foxx quando se transforma em Electro não mantém nada de sua pessoa anterior. É uma mudança muito brusca que, novamente, com mais tempo de desenvolvimento de personagem funcionaria melhor. O Harry de DeHaan é bem carismático mas, mais uma vez, o personagem é escrito de forma inconsistente. Sendo um megalomaníaco babaca em uma cena e um amigão na cena seguinte. Uma coisa estranha nesse filme é que muitos dos personagens mortos tem mais tempo de cena que alguns dos vivos. Sim, Capitão Stacy tem mais cenas do que Rhino. As vezes é difícil entender as prioridades desse filme.

A produção parece ser uma mistura de várias pontas de roteiros em potencial, sementes para histórias futuras nas continuações. Não há uma história real e há muitas tramas que não vão para lugar nenhum. Por exemplo, mais uma vez o mistério dos pais de Peter não é resolvido.  E, apesar do filme ter um clima animado na maior parte do tempo, ocorre mudanças de tons na história do nada. E o desfecho é tão coreografado que quando acontece perde bastante o impacto.

Esse é um filme que tem seus acertos, mas ainda não faz jus ao herói. Eu comentei na sessão que vi que poderiam fazer algo melhor com o personagem, e claro que ouvi um infantil “faz melhor”. Bem, eu não faço melhor, contudo existe um povo que é especialista em fazer bons filmes de heróis, a própria Marvel Studios. Fãs de verdade do aracnídeo, e pessoas que valorizam seu dinheiro, vão pular essa aventura e esperar o retorno do herói para a Marvel. Não é um péssimo filme, contudo a Sony não sabe o que fazer direito com a franquia e quer expandi-la para tudo quanto é lado sem foco algum. A Sony já teve muitas chances com o herói e cada vez ela faz algo pior. Quer um filme de super herói com história, cenas sem excesso de CGI e humor na dose certo? Capitão América 2 tá nos cinemas, vá lá conferir. Nunca pensei que ia chegar o dia onde ia preferir o Capitão ao Aranha. Maldita seja Sony, maldita seja.

Nota: 2 out of 5 stars (2 / 5) Mas é melhor que Homem-Aranha 3 de 2007 e o primeiro Espetacular Homem-Aranha

Para uma crítica mais otimista e que curtiu um pouco mais o filme, confira AQUI.

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Trailer dessa produção com bons momentos mas não o suficiente

comentários
 
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  • Ricardo Fernandes
    abril 23, 2014 at 3:53 pm

    cara ainda nao vi o filme,mas acho que ele promete muito,tudo é muito relativo com essa nova franquia do aranha,e algo que mostra isso sao as criticas que o primeiro levou,o omelete nao gostou,o mrg adorou e assim por diante.Eu so do grupo que adorou o primeiro filme e achou melhor que todos os outros mas acho tambem que o do Raim pode coexistir com essa nova franquia, que nao há nenhum problema.É como eu digo o do Raim é baseado em 80% do universo normal e 20% no universo ultimate e o espetacular o contrario.Esse novo aranha é para um publico mais jovem ja que o peter do Andrew representa muito bem o nerd da atualidade,algo que pode levar um estranhamento para os adultos,ja que na epoca deles o do tobey era mais fiel ao nerd.Como eu disse tudo muito relativo.

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  • Leonardo
    abril 23, 2014 at 9:52 pm

    Você realmente deixa sua opinião bem expressa ,eu sei que é tua função, mas um pouco mais de imparcialidade e menos spoiler iria ajudar.
    Verei no cinema principalmente por causa do 3D é muito bom vc receber pelo que pagou (o 3D do América é um baita desperdício)
    E acho que não vai ter melhor filme de herói esse ano do que o do capitão nesse ano.(sendo seguido pelos x men, depois o aranha e os guardiões, esse último ainda não me empolgou em nada)

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  • Daniel
    maio 3, 2014 at 2:00 am

    Vi o filme e realmente está horrível, há muito romantismo, acho que metade do filme é romance, isso me incomodou mas não me irritou. O que realmente me irritou foi a Gween ser mais inteligente que a Mary Jhane, não desenvolveram o personagem dela para isso. Outra coisa extremamente irritante é o aranha ser mais rápido que raios, ai é exagero demais. Adorei o Eletrecto, estava torcendo por ele.

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    • Daniel
      maio 3, 2014 at 2:08 am

      Tá, vou falar a verdade, não aguentei ver o filme até o fim, ruim demais. Parei na parte que a Gween acerta o eletrcto com o carro.

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  • Gabriel Andrade
    junho 24, 2014 at 11:30 pm

    Não foi uma boa crítica sobre o filme, acho que ninguém deve se basear nesse tipo de comentário sobre o filme, o humor está na dosagem certa, o mesmo que vemos nas HQs, sendo assim, o mesmo que conquistou sua legiões de fãs, peter no filme é um adolescente que acabou de terminar o ensino médio(chega a formatura é no início do filme) por isso não o vemos na universidade, ele ainda está nas sua férias, sabendo que o J.J.J. da trilogia Raimi foi perfeito eles resolveram não usá-lo, pois sempre haverão comparações, por isso estão discutindo um jeito de trazer o ator do J.J.J. para os novos filmes, freelancer hoje em dia acaba sendo um trabalho mais de enviar as fotos, sem que aja contato visual, isso foi retratado no filme. Tia May acaba tendo que virar enfermeira pela crise que o dinheiro está causando, algo muito bom e realista, sendo assim o único problema que o peter realmente enfrenta é o de seu relacionamento e isso o filme fez certo. Os vilões tiveram cada um o seu devido tempo de tela, nenhum foi desperdiçado, pois claramente apareceram novamente(Nem acho que o electro morreu). Depois de tudo acho que esse filme realmente fez jus ao herói , verdadeiros fãs do aranha perceberam isso e com certeza a sony está acertando, fazendo com que o homem-aranha fique mais profundo do que nunca no cinema, claro que seria incrível ver ele nos vingadores, mas não se mexe em time que tá ganhando.

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  • Vincent Law
    agosto 20, 2014 at 7:22 pm

    Não entendo a expressão “Herói” nesta série, pois logo no início morre tanta gente (aqueles desastres com os carros) que não vejo graça da diversão do Homem Aranha.

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  • Daniel Adrian
    setembro 26, 2017 at 11:50 pm

    É um bom filme pra dar risadas, ver boas cenas de ação, bons efeitos especiais, boa CGI, boa trilha sonora, bom casal (Peter e Gwen), boas atuações em maioria dos personagens…
    Enfim, o filme tem seus pontos positivos.
    Porém, a história, o enredo, o desenvolvimento, o roteiro, as motivações dos vilões são totalmente decepcionantes.
    Bom, eu poderia dizer que é um filme abaixo de ok. Não vale o ingresso.
    É um dos mais legais filmes do Teioso, porém, indiscutivelmente, em questão de história, é um dos piores.

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