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Crítica – O Lobo de Wall Street

by on janeiro 10, 2014
 

Para aqueles incomodados que a última obra lançada de Martin Scorsese antes desse filme era um filme família, O Lobo de Wall Street irá ser sua dose necessária de criminalidade e submundo, os temas recorrentes do cineasta.  Esse é um filme que espera que você seja esperto o suficiente para saber que as pessoas retratadas nessa obra são desprezíveis e não um exemplo a ser seguido. Em nenhum momento haverá uma mensagem explicita dizendo “não faça isso”, “enganar os outros é errado”, mas cada frame do filme julga os personagens. Não diretamente, claro. Então, por favor, não venha com discursos moralistas, sim as figuras retratas nesse filme são amorais, mas isso não tira o valor da produção, e cada um tem que ter seu próprio discernimento do que é certo e do que é errado. Sem contar que a censura da obra é 18 anos. Deixando isso bem claro, esse é um filme que é mais engraçado que a maioria das comédias, mais sexy que os filmes românticos (ah, a bela novata Margot Robbie, isso que é mulher!) e com mais tensão do que muitos thrillers. O Lobo de Wall Street é pura genialidade.

Nessa obra prima de Scorsese, Leonardo DiCaprio,  na melhor performance de sua vida (que será ignorado pelo Oscar para variar), interpreta (ou incorpora) Jordan BeIfort, um corretor de Long Island que passou 20 meses na prisão por fraude e por ter enganado investidores em um esquema massivo de corrupção em 1990. “The Wolf of Wall Street” (no original), além de ser a quinta colaboração entre Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese, é a adaptação da autobiografia de Jordan Belfort, que realmente existe e hoje em dia está muito bem de vida dando palestras.

No começo Jordan Belfort é mais um filhote do que um lobo, tendo um emprego que só exige que ele “sorria e disque”. Isso até ele ter um almoço esclarecedor com o chefão Mark Hanna (o normalmente inconsistente Matthew McConaughey, aqui hilariante)  que planta a semente do caos que se tornará a vida de Belfort nessa “inocente” conversa.  Depois de formar sua própria firma, Jordan irá fazer excessos o tempo todo, seja gastar 26 mil em um almoço ou traçar prostitutas seis vezes por semana. Talvez tantos gastos chamem atenção do FBI…

Essa é obra é similar a Django Livre em um ponto, ou você ama ou odeia. Talvez você despreze a nudez e o tanto de palavrões que há no filme (aliás, esse é o filme com mais “fucks” no cinema até o momento, 506 segundo a Wikipédia). Entretanto, é sempre bom ressaltar, mais uma vez, que o filme não esta bajulando a corrupção. Contudo, ignorar que essas coisas ocorrem, ou que possam ser abordadas de um modo divertido, é tapar o sol com a peneira.

Essa é uma história de ascensão e queda, hedonismo e excesso de confiança, o lado negro do tão falado “sonho americano”. Dinheiro, criminalidade, sexo, drogas e rock´n´roll (pelo menos via trilha sonora esse último ponto) são os pontos dessa história impactante, que faz uma trilogia temática com filmes pregressos de Scorsese, sendo as obras em questão Os Bons Companheiros e Cassino.

A edição é um trabalho de mestre. Ligeira e com ritmo, fruto do trabalho duro da parceira (profissional)  de longa data de Scorsese, Thelma Schoonmaker. As poucas cenas que duram um pouco mais do que o normal são de proposito para causar certo desconforto. Fora isso, o filme flui com muita naturalidade , e nem parece ter mais de três horas de duração.

É tudo parte do plano do genial cineasta que nos embarquemos no comportamento egoísta e cruel de Belfort. E isso só funciona por conta do incrível roteiro de Terence Winter (Os Sopranos, Boardwalk Empire) que praticamente não condena Belfort, fazendo com sejamos cumplices dessa loucura.

Scorsese fez um filme que fará as pessoas se divertirem e talvez ficarem um pouco chateadas. De qualquer modo ninguém sai indiferente depois de ver essa produção. Engraçado, irreverente e polêmico. O melhor trabalho de Scorsese nos últimos 15 anos.  Ainda há cineastas de verdade e sem medo de tocar em temas controversos.

Nota: 5/5

Não deixe de conferir a crítica do lançamento dessa semana, Trapaça.

Trailer do filme que usa a ode ao excesso para criticar o mesmo. E nem todo mundo saca isso.

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