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Crítica – Bravely Default (3DS)

by on fevereiro 4, 2014
 

Um jogo que prova que os tradicionais rpg´s de turno, o que os “Final Fantasys” representavam, ainda podem ser extremamente agradáveis. Títulos são coisas doidas e peculiares, não? Nesse mundão com tantos rpgs japoneses (j-rpgs), nada é tão mais icônico nesse gênero que Dragon Quest ou Final Fantasy (FF), certo? Mas desde que Hironobu Sakaguchi deixou a Square, parece que parte da magia desse tipo de jogo se foi, principalmente na marca que ele criou, o já tão citado FF. Bravely Default foi inicialmente concebido pela Square Enix (apesar que foi desenvolvido pela Silicon Studio) apenas como uma sequência de um dos milhares de spin offs de FF, o Final Fantasy: The Four Heroes of Light, mas após ganhar uma nova alcunha, esse game traz em seu amago a verdadeira essência de FF. É o melhor Final Fantasy desde que Sakaguchi deixou a empresa, mesmo que não leve o nome da série.  

A aventura se passa na distante terra de Luxendarc, e aqui acompanhamos a jornada de quatro personagens: Tiz, Agnes, Edea e Ringabel. Cada um deles possui suas próprias motivações para salvar o mundo das trevas. O interessante é que todos os protagonistas são bem desenvolvidos no decorrer da jornada, algo não muito comum em j-rpgs, que normalmente focam apenas em um personagem com profundidade e os outros são puro estereótipo. O mundo em que se passa a história também é bem apresentado e explicado, cativando o jogador a querer continuar a aventura. Há finais diferentes nesse game, dependendo de suas ações no decorrer da jornada, o que incentiva bastante a exploração. Os jogadores que gostam de pular side quests podem achar Bravely Default um tanto repetitivo, ainda mais para o final do jogo, por isso é recomendado realizar uma ou outra atividade paralela para quebrar a rotina em certos momentos. A maioria dos eventos no jogo usam vozes e o roteiro é bem divertido e com cenas marcantes, apesar de que existe aquelas manias de histórias japonesas, como alguns personagens que reagem de forma exagerada demais. Também temos uma queda de ritmo no meio da jornada e algumas situações meio vergonha alheia, contudo não é nada que estrague a obra.

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Os quatro heróis dessa nova franquia da Square

O combate é onde Bravely Default brilha, fugindo das convenções desses rpgs. O charme do jogo esta na mecânica Brave e Default. A opção de defesa aqui é conhecida como Default, que não apenas reduz o dano, mas também te dá 1 BP no fim do turno, permitindo que você realize um movimento extra em seu próximo turno, sem nenhuma penalidade para tal. Já Brave permite que o personagem faça uma ação extra no mesmo turno, mesmo que não haja BP para isso, contudo ao realizar esse ato de bravura você sacrifica seu próximo turno. Esse sistema simples na superfície é bem complexo e divertido, permite diversas estratégias e cria um interessante cenário de risco e recompensa. Também há outra mecânica chamada Bravely Second, essa é um ás na manga. Ela permite, no meio de qualquer ação, realizar um movimento extra. Claro que ela não pode ser usada ao bel prazer, podendo só ser requisitada quando se possui SP (Sleep Points), que normalmente são adquiridos quando o jogo/3DS está no modo de repouso por 8 horas. Outro modo de adquirir SP é por micro transações, comprando SP via o eshop da Nintendo. Não é necessário o Bravely Second para terminar o jogo e é praticamente ativar o modo super fácil, e tu não precisa disso não é mesmo?

A dificuldade do jogo é bem balanceada. Os tutoriais explicam bem as mecânicas básicas e avançadas, e não surgem a todo o momento quebrando o ritmo do game, ao contrário de certos outros rpgs (Mario & Luigi: Dream Team estou falando de você). O jogo normalmente te aponta para onde ir a seguir, mas há várias cutucadas de onde estão às atividades paralelas para se realizar e não ficar só na trama principal. Vale lembrar que a dificuldade do jogo pode ser configurada para cima ou para baixo a qualquer momento. Viu, mais um motivo para gastar dinheiro de verdade com SP.

O sistema de job (profissões), tão marcante da série Final Fantasy, tem seu retorno em Bravely Default. São 24 jobs únicos, cada um com suas habilidades, forças e fraquezas. Existem jobs clássicos, como o White Mage (mago branco, curandeiro), o Knight (cavaleiro) e o Thief (ladrão), entretanto também há jobs inusitados, como Pirate (pirata) e Vampire (vampiro). Quando se ganha combates em certa profissão, mais se adquire habilidade passivas e ativas dessa, que podem ser utilizadas nas mais diversas combinações, uma mais efetiva que outra dependendo da situação. Ah, para ter as combinações mais poderosas fica a dica, é preciso ter habilidades de diversos jobs, então nada de ficar só em uma profissão, diversificar é a chave do sucesso. Uma coisa que poderia ter sido aprimorada é ter um modo de salvar um molde de certas combinações de equipamentos e habilidades. Isso iria facilitar na hora de troca de jobs e combates contra certos chefes.

Outros aspectos da jogabilidade são o que se espera de um rpg japonês. Você anda pelo mapa mundo, visitando diversos lugares e falando com vários personagens para assim poder cumprir quests. As diversas side quests no jogo permitem você adquirir novos jobs e equipamentos especiais. Nas suas viagens é claro que você irá deparar com dungeons, nesses calabouços se combate monstros em batalhas randômicas, encontram-se tesouros e eventualmente encara-se um chefão. As dungeons normalmente tem um caminho bem linear, entretanto não se deixe enganar, há bifurcações secretas pelo percussor onde você achará recompensas valiosas e que compensam a exploração. Existem alguns puzzles nos calabouços, mas nada que realmente quebre a cabeça, todavia é bom ver uma variação de jogabilidade de vez em quando. Uma mancada é que o design de certas áreas é usado mais de uma vez no decorrer do jogo. E pensando bem, o design de todos os dungeons em geral poderia ter mais variedade nos caminhos e no visual.

O jogo incentiva você utilizar o Street Pass e o Spot Pass para conseguir algumas vantagens no mesmo, mas nada significativo. As vantagens são vistas na reconstrução da Vila Norende, que quanto mais habitantes se tem na mesma, mais se acelera a reconstrução dela, e assim pode se conseguir novos equipamentos, itens e golpes especiais. Os Pass não são os únicos modos de se conseguir habitantes para a vila, mas é o jeito mais fácil. Outra vantagem de se ter amigos jogando Bravely Default é o recurso de Summon (invocação), onde você pode utilizar uma técnica que um amigo ou visitante enviou para você, que é algo curioso, contudo só pode ser usado uma vez por Street Pass recebido. São recursos divertidos e que encorajam a encontrar outros jogadores de Bravely Default, todavia não são necessários para se terminar a jornada.

Visualmente o mundo e o design de Luxendarc são similares a de muitos rpgs, apesar do gráfico não ser uma Brastemp, as animações são bem feitas e agradáveis. Sem contar que ter o visual baseado na arte de Akihiko Yoshida é sempre um ponto positivo. O jogo tem seu charme, só não espere um visual que irá chacoalhar seus miolos. O 3D funfa bem para incrementar o game, principalmente nos momentos de combate. A trilha é a parte mais supimpa do jogo. Apesar de haver alguns temas gerais, cada cidade tem sua melodia, e muitas áreas especificas também, o que cria uma atmosfera única para esse mundo. As músicas de combate são empolgantes, principalmente as contra chefes, dando aquela tensão extra para esses momentos tão especiais. Cada personagem principal também tem seu tema, o que com certeza deixa essas figuras mais complexas e interessantes.

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A bela arte e character design de Akihiko Yoshida sempre agradam

A jornada aqui pode levar de 40 até 80 horas, tudo dependendo da dificuldade escolhida, o caminho que você seguiu ou se tu optou por realizar side quests. Se você for super complecionista irá passar fácil de 100 horas (boa sorte). Ou seja, conteúdo esse game tem, depende de você quanto dele será explorado.

Com um elenco agradável, uso criativo do StreetPass, ótimo e inovador sistema de combate, uma história batuta e uma trilha espetacular, Bravely Default é obrigatório para quem tem 3DS e adora rpg. Se ainda tá na dúvida baixe o demo na eShop e veja que não estou falando da boca para fora, ou melhor, teclando qualquer joça. É tudo que Final Fantasy deveria ser hoje em dia, Bravely Default é a fantasia refinada.

Nota: 4/5

Confira o trailer dessa epopéia exclusiva do Nintendo 3DS

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