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Crítica: Elysium (2013)

by on setembro 28, 2013
 

Elysium é uma ficção cientifica que traz um modelo clássico a principio. É a clássica história da luta de classes, com elementos clássicos do anti-herói, que contra a vontade tem de embarcar numa jornada maior do que ele, com a clássica paixão pela amiga de infância… E exoesqueletos, sangue, robôs, uma colônia satélite onde todos vivem felizes e com saúde. É. Talvez esse filme não seja apenas mais do mesmo.

Max da Costa (Matt Damon) é um ex-bandido que tenta levar uma vida honesta após passar um tempo na cadeia.  Labutando todo dia em um emprego chinfrim e abusivo, um acidente acaba virando sua vida pelo avesso, dando um prazo de 5 dias para ele tentar salvar sua própria existência de uma doença mortal. E o único lugar onde é possível achar uma cura? Em Elysium, o satélite onde habitam os ricos e sonho de infância de Max quando pequeno.  Em Elysium há máquinas que curam qualquer doença, e muitos dos pobres que vivem na Terra se arriscam a chegar lá em naves clandestinas, com grande chance de morte.  Caso consigam realizar o feito, são deportados logo em seguida. O protagonista tem que se submeter a essa viagem arriscada, mas para chegar a Elysium o único modo é via um antigo parceiro de sua vida de crime, Spider (Wagner Moura em uma performance singular) um mecânico, hacker e contrabandista que controla o esquema de naves ilegais. A passagem para tal viagem é cara, entretanto Spider faz um “desconto” a seu ex-parceiro. Max tem de realizar um assalto cerebral, ou seja, roubar as informações de um figurão de Elysium. O plano parecia complicado, mas tudo piora quando eles adquirem mais do que podem abocanhar nessa transação, eles conseguem a chance de mudar o status quo.

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Como podem ver a trama é movimentada, mas o ritmo segue sem barrigas, não há momentos cansativos nesse filme. O único grande problema, a meu ver, são as cenas de ação. Que apesar de serem eficientes em boa parte, muitas delas abusam demais do efeito “realista” de chacoalhar a câmera, tornando acompanhar essas sequências um tanto irritante e confuso.

Esse é o segundo longa metragem de Neill Blomkamp, do incrível (mas não tão querido por todos) Distrito 9, traz a mesma estética do longa anterior, uma paleta de cores com o tom pastoso, na Terra pelo menos, e efeitos especiais realmente convincentes. Esse diretor é um dos poucos que sabem usar computação gráfica sem agredir, os robôs dessa obra realmente parecem que estão ali, e não passam aquela sensação de borracha que tantos filmes dão (Transformers estou falando de vocês). Acho que por ele ter trabalhado em efeitos visuais isso deve ajudar, tenho essa ligeira impressão…

Um grande trunfo do filme são seus atores. As atuações são as melhores possíveis, desde Diego Luna em sua participação rápida como o fiel Julio até Sharlto Copley (numa atuação incrível, ainda mais que esse personagem é praticamente o oposto do patético, no começo, Wikus de Distrito 9) que faz o nojento, cruel e psicótico antagonista Kruger. O vilão gera uma boa tensão e desafio a Max e seus aliados, seu único ponto fraco são seus comparsas, que são caricatos demais em sua vilania. Todavia o destaque da produção são nossos compatriotas. Claro que Matt Damon esta bem como protagonista, mas o Spider de Wagner Moura rouba a cena. Com um sotaque carregado, de proposito, mancando com uma muleta, debochado e sacana, o ator mostra que veio com tudo para brilhar em Hollywood. Destaque para cena que quando o personagem fica extremamente puto e Wagner começa a xingar em inglês, depois em espanhol e termina em português. Evidente que não podemos esquecer-nos de nossa maior estrela no exterior, Alice Braga. Experiente no mercado internacional, ela faz a amiga de infância, Frey com segurança e competência. Seu personagem não tem um temperamento peculiar como Spider, mas Alice trabalha muito bem com o que lhe é dado, uma pena que o filme não dá muitas chances de Frey agir por conta própria. Apenas seu lado materno e sua profissão ficam em destaque. Talvez no próximo filme Neill Blomkamp desenvolva melhores personagens femininos. Ah, Jodie Foster também está no filme no papel de uma vilã que quer manter Elysium para os bem nascidos custe o que custar. Ela não compromete, mas também não adiciona nada de especial, mesmo sendo uma atriz de grande calibre.

O paralelo da Terra desse filme, falando praticamente um espanhol-inglês, com o México e outros países latinos é bem evidente. A produção mostra que a tentativa de impedir a migração desses nas áreas consideradas nobres é um sistema fadado ao fracasso.  Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Um filme que demonstra tecnologias interessantes, questões politicas e um visual único, é uma ótima pedida para se ver nas telonas. Não fique esperando para ver no sofá de sua casa, mexa a bunda e veja na maior tela possível para aproveitar o máximo essa super produção. E como Alexandre Ottoni já disse, “a vergonha alheia” é muito conhecida, mas Elysium nos faz sentir “orgulho alheio”  de nosso compatriotas. Vá prestigiar nos cinemas esses dois atores que darão ainda mais o que falar.

ELYSIUM

Ps.: Elysium é uma palavra grega, e significa lugar de felicidade utópica. Que coincidência, hein?

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