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Crítica: Filme – Trapaça (American Hustle)

by on fevereiro 4, 2014
 

Engraçado e com um elenco de primeira, essa é uma obra com falhas mas que tenta compensar com bastante energia. Será que consegue? O novo filme do encrenqueiro diretor David O. Russel (O Vencedor, O Lado Bom da Vida), que certa vez tomou um murro na cara do boa praça George Clooney, é um longa onde tudo é glamoroso e absurdo em 1978, lá em Nova Jersey. Com uma narração estilo “eu saco das coisas” tirada diretamente de “Os Bons Companheiros” de Martin Scorcese (em cartaz com o ótimo “O Lobo de Wall Street”), essa “dramédia” tem tudo para agradar os jovens, com seu ritmo acelerado, e conquistar os mais velhos, esses  com a nostalgia. “Trapaça” (“American Hustle” no original,lançado no fim de 2013 lá fora e só em fevereiro de 2014 aqui) é um filme que mergulha na década de 70 com gosto. Tendo um figurino, trilha e composição de época perfeitos. Prepare-se para uma viagem no tempo, onde todos que viviam nos EUA acreditavam no “sonho americano”.

Acompanhamos quatro personagens absurdos que se levam completamente a sério não importa quão ridículo seja a situação. São pessoas que se amam e se odeiam com a mesma intensidade, que adoram gritar por qualquer motivo. Christian Bale é Irving Rosenfeld (saúde), um golpista com o visual bem desleixado, entretanto  com a autoconfiança de um batalhão de elite. Alguém que sabe caminhar a linha tênue de nunca exagerar demais nos golpes, um trapaceiro que tem ciência de falar para as pessoas o que elas querem ouvir. Ele é casado com a “Picasso do caratê passivo-agressivo” Rosalyn (Jennifer Lawrence), que sempre arruma um jeito de colocar fogo na casa, mas nunca admite ser a culpada, e nem tente discutir, pois essa fala até o dia amanhecer.

Todavia Irv está apaixonado é pela sua amante e parceira no crime, a mega sensual Sydney Prosser, que ganha vida pelas curvas perigosas da ruiva Amy Adams. Ambiciosa e desafiadora, essa ex-stripper e ex-colunista de revista de moda entrou na vida de golpista graças a Irv. Ela abusa de seu, hilário, falso sotaque britânico, e é outra com excesso de autoconfiança. Essa dupla cai em um esquema do agente do FBI Richie (Bradley Cooper), que os coloca num complexo plano para pegar figurões políticos ligados a corrupção. Utilizando ladrões para pegar ladrões, o agente fica extremamente ganancioso querendo pegar quem quer seja, não importando o risco e o custo disso, para o desespero de seu pobre chefe Stoddard Thorsen, aqui vivido pelo sempre engraçado Louis C.K.

Bale se transforma em outra pessoa nesse papel. Para dar vida a Rosenfeld ele ganhou peso, arrumou um sotaque mega convincente da região de Nova Jersey e usa uma “cabeleira” inusitada e com muitas falhas (de proposito, claro). É incrível ver a dedicação desse ator a um personagem, não é a primeira vez que ele muda completamente para um papel (em O Operário de 2004 ele emagreceu até virar praticamente um esqueleto), entretanto sempre impressiona. Adams exala sensualidade como Proser, uma mulher inteligente que faz o que for preciso para sobreviver, sempre buscando colocar um pouco de classe em seu amante, não que tenha muito sucesso. Richie DiMaso é um cara difícil e com o pavio curto, mesmo assim Cooper consegue colocar alguma humanidade nesse personagem. A Rosalyn de Lawrence parece ter um papel pequeno no começo, mas no fim das contas ela é o ás na manga do filme. Do nada a personagem ganha uma grande importância , mas mesmo nas menores cenas, essa mulher maluca rouba todos os momentos em que aparece, principalmente em uma certa sequência que tem como fundo musical a lendária banda Wings.

Um filme que brinca com o hedonismo de uma maneira leve e descompromissada. Contudo, como tudo na vida, sempre há um porém. Um dos problemas dessa produção é sua falta de ritmo. Depois de termos um começo fenomenal as coisas desaceleram um bocado, apesar de ainda haver bons momentos no decorrer do longa. A narrativa também podia ser um pouco mais focada, entretanto David O. Russel sempre preferiu dar mais destaque nos personagens do que na história. O que ele normalmente faz bem, só que dessa vez parece que a história ficou em terceiro, quarto plano. Porém o maior contratempo é o desfecho do longa, os momentos finais são meio sem pegada, é algo que chega do nada e vai embora quase sem fazer barulho.  É um filme de escapismo, bem leve e para descontrair. Os personagens são bem desenvolvidos, contudo as situações são apresentadas a esmo, sem nenhuma preocupação em dar muitas explicações, o que incomoda um pouco. Como um filmão pipoca “Trapaça” diverte bem, não vá esperando uma produção do nível Oscar, que ele esta concorrendo por sinal, que assim você irá garantir de vez sua diversão.

Nota: 3/5

Trailer desse divertido filme

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  • Tonho da Lua
    fevereiro 6, 2014 at 4:50 pm

    O filme é bom mas realmente não é pra ganhar Oscar. Aliás nunca assisti um filme que eu curti tanto os personagens mas achei a história bem chulé.

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  • Garota Esquilo
    fevereiro 6, 2014 at 10:50 pm

    É divertido mas Russell ainda tem o que aprender. Principalmente quando decide brincar de ser Scorsese. E não achei a Jennifer Lawrence essa Coca Cola toda não.

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  • Pingola
    fevereiro 7, 2014 at 2:29 pm

    Tô doido pra assistir o filme, principalmente por causa da Jennifer Lawrence!

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  • Azure Kid
    fevereiro 7, 2014 at 5:23 pm

    Pra variar você pegou muito leve Hugo. Não gostei do filme. O roteiro é raso demais, nenhuma premissa é trabalhada, é de doer.A conclusão parece coisa de novela de tão corrida e mal escrita. Trapaça merece nota 2, e olha que é uma nota para fazer caridade. E Jennifer Lawrence é bonitinha, mas é muito menininha, Amy Adams que é mulher de verdade.

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    • Calhorda Explosivo
      fevereiro 7, 2014 at 5:31 pm

      Todo mundo é crítico hehe. O filme diverte vai, não é uma obra prima mas tem seus méritos. E pra que essa briga entre Amy e Jennifer? Ambas são boas… Atrizes :p

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