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Crítica – Professor Layton vs Phoenix Wright: Ace Attorney (3DS/2DS)

by on março 22, 2014
 

Um crossover é algo que sempre gera expectativas. Todo mundo já imaginou uma mistura de uma ou mais séries que curte, mas quando isso ocorre oficialmente ae o bagulho é outro nível. Será que vão respeitar os elementos de todos os universos envolvidos? Todos os personagens terão o devido destaque? Quem vai aparecer? Que diabos de história será contada? A Capcom já é velha de guerra em colocar personagens para se encontrem e digladiarem em suas séries Versus, contudo desta vez ela se juntou a Level-5 para criar algo único. Professor Layton vs Phoenix Wright é um game baseado em franquias conhecidas por utilizar puzzles, lógica, um grande desenvolvimento em personagens, histórias e humor. Com uma equipe criada com os melhores desenvolvedores das respectivas séries, com um roteiro escrito por Shu Takumi, o criador de Ace Attorney e com um orçamento considerável para um game de puzzle/adventure, pode ter certeza que o encontro entre advogado e professor é algo lendário.

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Uma arte conceitual do jogo, como seria Layton no traço Ace Attorney? Ta aí a resposta.

A história e os personagens sempre foram os fatores mais importantes tanto na série do Professor Layton como nos games Ace Attorney, e aqui não era para ser diferente. O game começa com os pares de protagonistas, Layton e Luke, Phoenix e Maya, cada um encontrando, separado da outra dupla, uma estranha garota chamada Mahone. Essa estranha figura os transporta para Labyrinth City, palco onde irá trancorrer a aventura, e que tudo indica ser uma cidade medieval onde a mágica é real. Esse local é controlado pelo Story Teller, que tem o poder de tornar tudo que ele escreve em realidade. Os quatro heróis incomuns (um professor, um aprendiz, uma mística/médium espírita e um advogado de defesa) tem que unir forças para resolver o mistério na cidade e no decorrer da história eles ainda se envolvem no Tribunal das Bruxas (Witch Trials), onde jovens garotas são colocadas em julgamento pela prática de mágica e, caso julgadas como bruxas, são condenadas a morte. E você não deixará isso ocorrer, não é mesmo?

O jogo tem dois tipos de mistérios, os “grandes mistérios”, que seguem o estilo dos jogos de Professor Layton e são relacionados com “o que diabos esta acontecendo nessa maldita cidade?”. Esses mistérios aparecem em seu menu, são 10 situações estranhas que vão sendo descobertas e respondidas ao longo da narrativa. Se você já jogou algum Layton sabe o que esperar nesse ponto. Entretanto, também temos os “pequenos mistérios”, que são basicamente os segredos que ocorrem em corte, ou seja, diretamente ligados a série Ace Attorney. Às vezes o verdadeiro culpado é muito evidente, contudo há muitas surpresas e pormenores peculiares que causam problemas, contradições e explicações extremamente criativos e divertidos nessas partes do jogo.

A narrativa começa um tanto lenta, mas assim que você entra no primeiro Tribunal das Bruxas, o troço engrena. Depois desse ponto o andamento do game é firme e a tensão aumenta a cada momento. Você não vai querer largar o 3DS, pois há sempre um mistério novo para descobrir. Quase todos os mistérios tem um desfecho apropriado e satisfatório, bem, com exceção de um que fica no ar, mas não é nada tão importante.

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E agora Phoenix e Maya no estilo Layton. 

Esse game não é tentativa genérica de arrancar grana dos fãs de ambas as franquias. Muita dedicação, empenho e carinho foram colocados nesse game. São facilmente mais de 23 horas de jogatina, divididas igualmente entre resolver puzzles/investigação (jogabilidade Layton) e tribunal/análise de pessoas (jogabilidade Ace Attorney).  Os trechos que se joga mais, mas não exclusivamente, com Phoenix Wright, o advogado que sempre resolve tudo por outro ângulo, são bem longos, às vezes durando algumas horas. Quando você tem a oportunidade de sair do tribunal para resolver alguns puzzles, esses momentos são bem vindos para dar um pouco de variedade a situação. Contudo, no decorrer do game, os dois universos desses games começam a se fundir de forma perfeito, e puzzles e tribunais vão estar no mesmo prato em certos momentos.

Para os fãs de Phoenix Wright é bom deixar claro que a investigação não é totalmente a mesma que vocês estão acostumados. Ela ocorre enquanto você perambula pela Labyrinth City, conversando com as pessoas e resolvendo enigmas. E, ao contrário da série Ace Attorney, não se coleta evidências clicando no cenário, você irá dedicar seu tempo resolvendo o mistério da cidade em si. Claro que há evidências para serem usadas no momento do tribunal, elas surgem devido a sua investigação e aparecem antes do começo do julgamento, então nada temam.

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O rico elenco, e arte, desse game

Um elemento novo no tribunal é o “Mob Examinations”, em bom português “Análise da Multidão”, onde mais de uma testemunha fornece o relato ao mesmo tempo. É quase igual ao tradicional “Cross-Examination”, interrogatório, contudo o depoimento é feito por uma pessoa diferente a cada momento e você pode questionar outro indivíduo sendo interrogado, não necessariamente aquele que falou, o que gera situações e jogabilidade mais complexas.  Outro elemento bem distinto dos tradicionais da série Ace Attorney é o “Book of Magic”, Livro da Magia. No tal Livro da Magia estão uma lista de magias relevantes ao caso, que podem ser apresentadas como evidências e perfis no Court Record, registro da corte.

Para os fãs de Layton, as coisas não mudaram muito nesse game para como são as situações na franquia do professor. A jogatina em puzzle lembram bem os games de Layton, contudo o número de puzzles presentes é bem inferior ao normal, isso pode decepcionar um pouco, contudo pode ter certeza que os presentes são de qualidade. Ah, as hint coins, moedas de dicas, estão presentes nesse jogo também, e podem ser usadas para ajudar em puzzles e até mesmo nas sequências de tribunal.

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Pô Phoenix, foi nessa posição que Napoleão perdeu a guerra.

Algo legal nesse game é que tanto Layton como Phoenix não estão limitados às suas especialidades, com participação ativa de Phoenix na resolução de puzzles e mistérios e de Layton na defesa durante os Witch Trials, criando uma sinergia entre os dois universos em vez de um isolamento das partes retiradas de cada um. Então não há personagem ou universo que brilhe mais do que o outro, as duas franquias foram tratadas com grande respeito nesse crossover.

Os personagens são um grande foco dessa aventura. Os protagonistas não tem tanto desenvolvimento nessa jornada, caso você queria conhecer afundo esses, terá que jogar os games da série de cada um. Contudo, os personagens exclusivos desse game, as figuras de Labyrinth City são bem desenvolvidas, possuem personalidades intrigantes, interessantes e muitas vezes excêntricas.

Um spot desse encontro lendário de cavalheiros.

Os gráficos são bem bonitos, não tão detalhados quanto Ace Attorney 5, Dual Destinies (confira nossa crítica aqui), mas isso é por ser um game um pouco mais antigo que a Capcom, a Level-5 e a Nintendo enrolaram para trazer para o ocidente. Entretanto detalhes como os cenários, as evidências e outros pormenores são extremamente belos e mostram uma direção de arte caprichada e mais eficiente do que qualquer jogo, seja da franquia Ace Attorney ou de Layton. O game possui sequências feitas em animação, sim um bom e velho desenho animado, que são de ótima qualidade e prazerosas de assistir. O efeito 3D complementa bem o game, dando profundidade aos cenários, feito com mais cuidado do que a maioria dos games no 3DS.

Apesar de que a história é o elemento principal desse jogo e dos jogos que inspiraram esse game, a música sempre foi um elemento de destaque no mundo desses personagens e aqui não é diferente. A trilha é soberba, incluindo remixes e releituras de diversos temas de Layton e Ace Attorney, todas orquestradas, belas e adequadas a situação. As cenas animadas possuem vozes, sem contar algumas sequencias não animadas com diálogos importantes, apesar de um dublador ou outro ser meia boca, Maya em especial, o resultado final costuma ser satisfatório.

Os valores de produção são altíssimos, o conceito e ideias base são fodas, e a integração do melhor dos dois universos foi feita com maestria. É extremamente recomendado para os fãs e para quem gostar de jogos com lógica e uma boa narrativa, lembrando que um bom domínio de inglês é mais do que recomendado.

Ah, só para finalizar, fique ligado nos pós-créditos, tem uma participação especial mais do que bacana. Agora embarque nesse exclusivo para 3DS. Lembre-se que todo puzzle tem uma solução e sempre acredite em seus clientes, ou algo do tipo.

Nota: 5/5

Um teaser desse mega encontro

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