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Crítica literária – Prince of Thorns – O Primeiro Livro da Trilogia dos Espinhos

by on maio 8, 2014
 

“Prince of Thorns”, o primeiro título da Trilogia dos Espinhos, é um livro sem firulas ou romance, na verdade só há pequenas nuances de envolvimento emocional da parte do protagonista e esse é o motivo para que ele seja impiedoso. Muitas mortes e guerras se desenrolam ao longo das páginas. A história é o velho conto da vingança. Ainda criança, o príncipe Honório Jorg Ancrath testemunhou o brutal assassinato da Rainha mãe e de seu irmão caçula, William. Jorg não conseguiu defender sua família nem fugir do horror. Jogado à própria sina num arbusto de roseira-brava, ele permaneceu imobilizado pelos espinhos que rasgavam profundamente sua pele e sua alma. Ainda com dez anos de idade o menino ficou obcecado com a ideia de vingança do mandante do crime, o Conde Renar. E quando descobre o porquê de seu pai se recusar a se armar contra o Conde, o menino decide fazer justiça, sua forma de justiça pelo menos, com as próprias mãos. O Príncipe dos Espinhos se vê, então, obrigado a “amadurecer” para saciar o seu desejo de vingança e poder. Vagando pelas estradas do Império Destruído, Jorg Ancrath lidera uma irmandade de assassinos e sua única intenção é vencer o jogo. Custe o que custar.

O autor Mark Lawrence consegue a proeza de fazer com que você goste de um protagonista extremamente babaca. Jorg, o Príncipe dos Espinhos, é motivado pela vontade de matar aquele responsável pelo assassinato de sua mãe e seu irmão. É um sociopata, egocêntrico, deveras inteligente, extremamente sagaz e com uma língua afiada capaz de fazer algumas pessoas estremecerem com apenas algumas palavras. Todavia esse garoto, como era de se esperar, é bem imaturo. E devido a toda a sua crueldade, não há muito espaço para absolvição pelos seus atos, apenas para o seu ego gigante. Ele encara as pessoas apenas como jogadores e peças em um jogo de xadrez e ele espera ser o vencedor desse jogo dos tronos. Lembra outra série com guerra/jogo de tronos não? É, deixa pra lá.

O título do livro parece ser um tanto bobo, ainda mais por não ter sido traduzido, contudo há um motivo para a obra se chamar O Príncipe dos Espinhos (já o título descolado em inglês aqui no Brasil é só frescura mesmo pelo visto). São os espinhos e seu veneno, que de tempos em tempos fazem o jovem sofrer e relembrar suas perdas, que deram ao protagonista a sua personalidade. São o que pautam a sua busca por não ser simplesmente mais uma peça no jogo, mas sim, um jogador, não se apegando, ao menos em tese, a nada e nem a ninguém.

O autor nos apresenta a um mundo medieval que a princípio parece que se passa em alguma época muito remota, ou em um mundo próprio. Contudo são feitas citações constantes a respeito do cristianismo, das obras de Platão, e até mesmo de Shakespeare e Nietzsche. Ou seja, é algum tipo de Terra paralela ou um futuro pós-apocalíptico. A narrativa é feita em primeira pessoa, com o ponto de vista do cruel Jorg. A leitura é extremamente prazerosa e fácil de “digerir”. Não é tão descritiva, optando focar mais no dinamismo dos acontecimentos.

Os outros personagens são apresentados gradativamente pelo protagonista do livro, que conta características daqueles que o acompanham baseando-se em sua experiência com os mesmos. São poucas figuras que grudam na memória, sendo muitos extremamente descartáveis. É difícil criar empatia por qualquer um deles, já que Jorg é um dos poucos personagens bem explorados nesse primeiro livro.

O desenvolvimento do livro é um tanto problemático. A trama ocorre muito rapidamente no seu terço, algumas coisas acontecem de forma conveniente demais, o que machuca um pouco a obra. Mas apesar disso, o livro agrada, ele funciona mais pelo personagem principal do que a história nesse primeiro volume. Não que o enredo seja ruim, mas é um tanto simplista e parece que sua complexidade será mais explorada nos próximos volumes dessa trilogia. Acho que é um livro que vale a pena ser conferido por qualquer fã de história fantástica. Lembrando que essa é uma obra com uma dose a mais de violência, nada demais para quem lê Crônicas de Gelo e Fogo/Guerra dos Tronos , contudo é o que justifica venderem esse livro como se fosse do gênero “Dark Fantasy”. Ok, então.

Nota: 3/5

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