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Halo Reach – Uma ode a derrota

by on novembro 2, 2013
 

Spoilers para Halo Reach

Ok pessoal, a maioria das pessoas jogam Halo pelo multiplayer, e sim esse modo é muito divertido, mas teve um dos capítulos da famosa saga de tiro exclusiva da Microsoft em que a campanha sobrepõem com facilidade  o modo online de disputa entre vários jogadores. A campanha de Halo Reach (2010, Xbox 360) é algo único, pelo menos entre os FPS (First Person Shooters, tiroteio em primeira pessoa). Predomina nos jogos passar a sensação de completude, de se sentir bem e que em algum momento você irá realizar um bem maior, salvar o mundo ou algo parecido. Entretanto em Halo Reach, o último jogo da Bungie na franquia Halo, sua única pequena vitória é evacuar alguns civis, destruir um cruzador dos Convenant, ou uma estação de comunicação inimiga, e logo em seguida ver seu time ser devastado um por um, até chegar o inevitável momento de sua morte.

Para alguns isso pode ser frustrante, mas eu acredito que com isso tivemos um momento de perspectiva única nesse gênero. Na guerra, muitas vezes não há a vitória e muitos ficam cegos ao fato de que você é parte do lado perdedor, se é que há um lado vencedor em certos casos. A razão pela qual a Bungie conseguiu se safar com uma narrativa desse tipo foi apenas porque esse jogo é um prequel, uma história pregressa, e no fim das contas as pessoas sabem que a saga terá um futuro mais ensolarado. Se esse fosse o começo de nova franquia, seria meio difícil continuar a história com um final tão desolador.

Outro fator que torna essa uma experiência satisfatória, é que você não joga com um personagem super poderoso, como o protagonista salvador da pátria de quase toda saga Halo, Master Chief. Você é um simples membro da equipe Noble Team, o SPARTAN-B312, ou Noble Six, aliás você é apenas um substituto de última hora. Não é a primeira vez que a Bungie fez isso. Em um jogo anterior, Halo ODST, também éramos colocados sob o capacete de um soldado nada messiânico em busca de sua equipe, mas a missão de Rookie foi bem mais sucedida do que a do Noble Team.

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Uma qualidade interessante desse jogo é que a cada passo que você da para frente, você da dois pra trás. É uma reviravolta instigante, pois nos jogos da trilogia original do Master Chief, a todo momento você chuta o traseiro dos Convenant, mas  apenas em Reach é realmente dada a perspectiva de que eles estão ganhando a guerra, durante 30 anos a Terra só teve derrotadas praticamente, e só um milagre, o Chief nesse caso, poderia detê-los. O sentimento de desolação é algo continuo em Reach, se você ainda tinha alguma esperança de vitória, ela vai para o espaço assim que Carter solta a frase “é um jogo de números”, pois os humanos nunca tiveram um número tão grande de soldados e recursos como os Convenants, e só isso já era uma garantia de derrota.

Nada reflete melhor o sentimento de desesperança do que o level final Lone Wolf, um dos melhores estágios que já tive prazer de jogar. Bungie poderia ter transformado essa sequência em uma cutscene não jogável, como tantos jogos optam por esse caminho mais fácil em momentos de dramaticidade. Ao invés disso eles obrigam você a encarar um level sem fim, com inimigos que não param de surgir, e então finalmente cai a ficha que você irá morrer e não há nada que você possa fazer quanto a isso.

 Eu gostaria que as grandes franquias se arriscassem mais com perspectivas diferentes como essa. O gênero FPS ficou estagnado, mesmo que de vez quando tenhamos jogos até mais ousados do que Reach, como Spec Ops: The Line, a necessidade de variedade no departamento de jogos de tiro é grande. Uma ode a derrota. Uma ode a tentar algo diferente.

A incrível sequência final de Halo Reach

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