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Crítica – Planeta dos Macacos: O Confronto (2014)

by on julho 2, 2014
 

Fãs da franquia original de “O Planeta dos Macacos” (cinco filmes que começaram com o clássico de 1968 e foram até 1973) podem ficar calmos, depois da decepção que foi o remake do diretor “alternativo-mainstream” Tim Burton, em 2001, o estúdio Fox tomou vergonha na cara e deixou a poeira abaixar. Em 2011 fomos brindados com o ótimo “Planeta dos Macacos: A Origem” (Rise of the Planet of the Apes nos EUA). A Origem além de uma boa trama, contando qual foi a base para a dominação símia do planeta Terra, trouxe ao meio uma excelente técnica de captura de movimentos, permitindo o ator Andy Serkis inserir uma humanidade nunca vista num macaco virtual. Ou qualquer ser virtual que o seja, superando até mesmo sua performance com seres digitais anterior, até mesmo o praticamente lendário Gollum, de O Senhor dos Anéis.

Agora em 2014 temos a continuação de “Planeta dos Macacos: A Origem”. Depois de três anos de espera chega nas telonas o filme “Planeta dos Macacos: O Confronto” (“Dawn of the Planet of the Apes” no original, a tradução correta seria algo como “Alvorecer do Planeta dos Macacos”) do diretor Matt Reeves (diretor de “Deixe-me Entrar”, 2010). Reeves tinha a ambição de colocar o público dentro da selva desses primatas inteligentes e fazer com que o espectador esquecesse que estava vendo criaturas geradas por computadores. Pode ter certeza que, devido a emoção que o longa passa, a missão do diretor foi mais que cumprida.

Essa ficção cientifica nos coloca anos após o termino do primeiro filme. Dez anos depois da conquista da liberdade, o líder alfa símio César (Andy Serkis) e os demais macacos vivem em paz na floresta Muir, local próximo de São Francisco. Lá, esses primatas geneticamente desenvolvidos e inteligentes, criaram uma comunidade própria, baseada no apoio mútuo, para que possam se manter. Enquanto isso, os humanos enfrentam uma das maiores epidemias de todos os tempos, causada por um vírus criado em laboratório, chamado de gripe símia (“simian flu”). Vírus esse que não afeta os símios e em dez anos acabou com boa parte da raça humana. Os humanos sobreviventes desenvolveram resistência ao vírus, contudo vivem agora num mundo sem muitos recursos e suas fontes de energia estão se esvaindo. Para sorte do grupo de Malcom (Jason Clarke), eles descobrem que a hidroelétrica presente na floresta Muir ainda tem condições de funcionar. Entretanto, essa área agora é território dos macacos de César. Será que Malcom conseguirá conquistar a confiança dos símios? Ou o preconceito de ambos os lados irá tomar conta da situação?

O primeiro longa teve o privilégio de ter baixas expectativas sobre sua performance, mas depois do sucesso de A Origem a continuação tem o dever de ter uma grande bilheteria. Pelo menos isso acarretou em um orçamento maior para a nova produção. Mas nada tema, essa sequência supera seu antecessor em todos os aspectos, os efeitos são ainda melhores (um dos poucos filmes com criaturas digitais que não parecem falsas), a história é mais profunda, ambiciosa e mostra como os dilemas morais tanto dos humanos e dos macacos os tornam mais parecidos do que gostariam de admitir. O resultado dessa mistura de bons elementos é um blockbuster com cérebro, que tem tudo para elevar o nível das produções de grande orçamento. Esse filme mostra que nem só de explosões (Oi? Transformers? Alguém?) vive o público, o espectador precisa, e quer, mais.

Houve uma pequena preocupação quando o diretor de “Planeta dos Macacos: A Origem”, Rupert Wyat, passou o bastão para Matt Reeves. Muitos achavam que essa seria uma produção apressada e puramente comercial. Entretanto, Reeves soube criar tensão e ação com maestria nesse filme. Aliás a primeira metade do filme é pura aflição e a segunda é feita de sequências de muita adrenalina. Particularmente, creio que a metade inicial é mais interessante por aprofundar na cultura dos macacos. Por exemplo, ver como a comunicação deles funciona, uma mistura de um dialeto próprio e linguagens de sinal, é sensacional.

Assim como no anterior, o personagem mais complexo e que gera maior empatia é o macaco líder, César. O símio tenta criar uma relação com os humanos sobreviventes, algo que para seu segundo em comando, o nervoso Koba (Toby Kebbel), é impensável, já que cientistas o torturaram quando vivia em um laboratório. Os personagens humanos são interessantes, muitos deles sendo racionais e tentando a coexistência, contudo há aqueles com pavio curto que podem botar tudo a perder. Aliás essa é uma produção com uma forte mensagem sobre armas e seu uso inconsequente.

Um filme com uma paciência evidente, uma inteligência rara nessas produções e pura competência na arte do cinema. Sem contar que levanta ideias interessantes sobre diplomacia, persuasão, lei e liderança. E vale a pena elogiar os efeitos mais uma vez, que são cortesia dos estúdios WETA, de Peter Jackson, os mesmos responsáveis por dar vida a saga O Senhor dos Anéis/O Hobbit.

A base da franquia Planeta dos Macacos são metáforas com escravidão, revoluções e a conquista européia das Américas. Sendo que as produção mais atuais, “A Origem” e “O Confronto”, ainda adicionam um subtexto sobre a paranoia com a guerra ao terror americana. Mas nada é mastigado ou jogado na cara de ninguém, o que importa nessa obra é o drama, a ação e a tragédia. É uma experiência audiovisual única. Resumindo, é um filme esperto, emocionante, empolgante, bonito de se ver (de preferência nas telonas) e com alguma carga cultural interessante. “O Confronto” é simplesmente um ótimo filme. E para terminar de vez o puxa-saquismo, pode saber, as performances de Andy Serkis como César e Toby Kebbel como Koba são tão únicas e espetaculares que só ela já garantem o lugar na história do cinema de “Planeta dos Macacos: O Confronto”. Recomendadíssimo.

Nota: 5 out of 5 stars (5 / 5)

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Trailer desse filme incrível, que sim tem macacos, mas é bom e sem macacadas. Perdão pela infamidade. 

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