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Crítica – Lucy (Luc Besson, 2014)

by on julho 31, 2014
 

O diretor e roteirista Luc Besson, responsável por clássicos como o “O Profissional” (1994) e o canastrão, mas divertido, “O Quinto Elemento” (1997), não anda em sua melhor fase. Todavia, o sujeito quer tirar a má impressão que deixou com as bombas “A Família” (2013) e “As Múmias do Faraó” (2010) com seu novo filme, “Lucy”. E do que se trata esse filme pipoca? É basicamente uma estranha mistura entre “Matrix” (1999) e “Sem Limites” (2011), só que se levando a sério demais. Para dar crédito para Besson pelo menos o filme não prolonga demais sua estadia, como muitas produções hoje em dia, a obra dura apenas 90 minutos.

Então, qual a história que vemos nesse filme de ação/ficção-cientifica? A pobre Lucy (a bela Scarlett Johansson) iria ganhar uma grana fácil e para isso tinha que realizar uma tarefa simples. Tudo que Lucy deveria fazer era entregar uma misteriosa pasta para o Sr. Jang (Min-sik Choi). Mas a vida é uma caixinha de surpresas. Lucy imediatamente cai em um terrível cenário onde ela é capturada e obrigada a se tornar uma mula, uma pessoa que transporta drogas dentro do corpo. E, para piorar, o que a garota está levando dentro de si é uma poderosa droga sintética que nem foi testada. Quando o pacote dentro do estômago de Lucy começa a vazar, o corpo da jovem passa por mudanças incríveis que habilitam a moça a utilizar 100% do seu cérebro. Com seus novos poderes, Lucy se transforma em uma poderosa e impiedosa guerreira que vai atrás de seus captores. Ela receberá a “ajuda” do Professor Norman (Morgan Freeman) e do capitão da policia francesa Pierre Del Rio (Amr Waked) nessa empreitada.

Sim, esse é um daqueles filmes que usam o conceito de que utilizamos apenas 10% de nosso cérebro. E, não, isso não é verdade, todo mundo utiliza 100% do seu. Mesmo que isso não pareça o caso com certas pessoas. De qualquer modo, esse é um filme que tenta abocanhar mais do que consegue. Chamar essa produção de pretensiosa pode parecer um jeito fácil de desdenhar de um projeto que almeja fazer algo diferente. E Luc Besson é um cara que pensa fora da caixa. Pessoalmente eu nunca gosto de chamar algo de pretensioso, contudo não me vem palavra melhor para definir esse novo trabalho de Besson. “Lucy” tenta com todas as suas forças ser profundo, mas falha miseravelmente. Desenvolver personagens? Pfff, “Lucy” não tem tempo para isso. Ao invés de dar personalidade e explicar as motivações das figuras no filme, vamos colocar imagens de animais no meio da produção. Humanos são animais, simbolismo, sabe, algo profundo? Só que não. Acabou nosso estoque de imagens de animais? Bota mais uns efeitos especiais de qualidade duvidosa e tiroteios sem fim. Isso deve distrair o público.

Film Title: Lucy

O quanto você vai gostar desse filme depende de quanto você curte a Scarlett Johansson e  qual é a sua tolerância para pseudociência e furos de roteiro

O filme é bobo, e tenta superar suas falhas e buracos de roteiro com sequências de ação canastronas e o charme de Scarlett Johansson. E ele tem um sucesso parcial graças ao carisma da atriz e se você tem uma tolerância com filmes sem noção. A protagonista, Lucy, poderia ser mais explorada, contudo é quem ficamos conhecendo, nem que seja um pouco. Os outros personagens estão apenas de passagem. Por exemplo, o personagem de Morgan Freeman, Norman, existe na produção apenas para explicar coisas, sem necessidade, pois Lucy já sabe tudo o que ele está falando, ou seja, ele é o tradutor da “complicação” do filme para o grande público. Sua outra função é ficar boquiaberto com tudo que Lucy faz. E acabou o personagem. Quer dizer, Norman também é o estraga-prazeres que fala o que está acontecendo com Lucy no decorrer do filme antes de termos a oportunidade de descobrirmos por conta própria, acabando com com um bocado do suspense que o filme poderia ter.

O resto do suspense da obra vai embora quando em 30 minutos de filme descobrimos que Lucy é indestrutível. Você pode pensar então, “ei, uma hora de Scarlett Johansson sendo uma deusa não é ruim”, contudo, depois dos primeiros truques da protagonista, acaba a variedade. Levando em conta que ela pode fazer quase tudo, acho que faltou um pouco de criatividade nas ações dela.

O filme levanta o dilema se Lucy ainda é humana a cada momento que ela continua a “evoluir”, algo bacana que poderia ser mais bem explorado, mas é executado de qualquer jeito. Apesar de que há uma cena legal explorando esse conceito, a ideia dela perdendo as emoções, o que nos torna humanos no fim das contas, é melhor no papel do que na execução. Como já dito, o filme não dá espaço para desenvolver os personagens, então não há momento de respiro na produção, tudo é muito corrido. “Lucy” é um filme mais preocupado em parecer ser esperto do que em realmente ser esperto. Um personagem poderoso não quer dizer que o personagem é forte, marcante. É um filme muito, muito estúpido. Mas se você quer algo um pouco diferente e não ligar de desligar o cérebro, a obra tem seus momentos. Scarlett é um espetáculo para os olhos, como sempre, e as cenas de ação tem seus ás vezes salvam. Não recomendo ver no cinema, mas conferir quando estiver disponível em blu ray, dvd, streaming ou torr… err, outros meios, não faz mal. Só não espere algo inteligente que você pode se divertir.

Nota: 2.5 out of 5 stars (2,5 / 5)

Também confira nossa críticas sobre Guardiões da GaláxiaOs Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do SantuárioPlaneta dos Macacos: O ConfrontoComo Treinar o Seu Dragão 2 outro filmes.

Trailer do peculiar “Lucy”… Se você gostou do conceito e quer ver uma obra que tem a mesma base, mas é melhor executada, confira Sem Limites

comentários
 
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  • jorge lima
    agosto 20, 2014 at 1:59 am

    Acabei de assistir e achei meio fraco o final, a mulher vira um PC ou algo parecido com Skynet do T3, nada novo.

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  • Atila
    agosto 20, 2014 at 6:00 am

    Filme orrivel cara, consegui nem ver ate o fim, pelo trailer é uma coisa mais pega o filme pra ver pode se matar.

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  • Marina
    setembro 6, 2014 at 1:05 am

    Pelo contrario,esse filme vai muito alem do que apenas um clichê da ficção cientifica. Para poder compreender de fato o filme é necessário que se preste atenção a todos os mínimos detalhes. No começo do filme mostra Lucy sendo encurralada pelos traficantes e é feita uma analogia com a gazela na savana africana sendo caçada por um grupo de chetas,e ha uma proximidade entre as duas cenas. Ao longo da primeira metade do filme essas analogias são muito comuns,o que insiste que a cima de tudo somos instintivos,caçamos,somos caçados,somos animais. A historia começa a mudar quando a droga entra no sistema de Lucy e se da o inicio de uma ruptura com o ser instintivo. Começa então uma batalha interior na protagonista entre se segurar ao ser primitivo e deixar os instintos e sentimentos de lado para poder se entregar a algo maior. No final,ao contrario do que muitos acharam,Lucy não se transforma em um computador gigante e desaparece,ela acaba se entregando de fato. Abandonando o ser humano e se tornando algo divino. No começo do filme é apresentada a pintura “A criação de Adão” de Michelangelo,que é uma pintura renascentista ( onde o homem nao faz esforço para encostar em Deus,enquanto Deus se esforça para tocar no homem. Sabendo que a arte renascentista é caracterizada pela valorização do homem,do antropocentrismo. Podemos interpretar que o homem é feito em tão semelhança a Deus,que se ele quisesse e se esforçasse,com um empurraozinho poderia ser como Deus. A droga que leva Lucy a utilizar 100% do seu cérebro seria esse fator X que faltava. E’ interessante reparar que quanto mais ela consegue utilizar seu cérebro,mais ela se distancia do ser humano e mais próxima de uma divindade ela se torna. Lucy começa a controlar o tempo,a mente,a matéria e o espaço. No final do filme a cena de “A criação de Adão” é representada de uma maneira diferente,quando Lucy (scarlett johanson) encontra lucy ( o primeiro primata) a beira do rio e estende o dedo para toca-la,naquele momento scarlett esta na posição de Deus,de criador e lucy é o primeiro Homo Sapiens. Nisso ela atinge 100% de capacidade e desaparece. Deixando apenas a mensagem “estou em todos os lugares” logo,tornando-se onisciente,onipresente e imortal,assim como Deus. Lucy é um filme muito filosófico e talvez um pouco complexo para aqueles que tem uma visão muito literal. O filme em geral é uma excelente maneira de “atualizar” a teoria e aproximar o teocentrismo ao cientificismo,tudo isso maquiado em meio a todos os elementos básicos de bom e velho filme de ficção cientifica.

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  • Teco Teco
    setembro 6, 2014 at 10:18 pm

    o filme é excelente

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  • Náh Carolyne
    setembro 22, 2014 at 3:15 am

    Deixando minha humilde opinião sobre o filme.
    Lucy é um filme de ficção, isso não tenha duvidas, mesmo que para alguns pareça mais um filminho barato, na verdade Lucy conta com vários fatos reais do nosso cotidiano. Como no início, a figura da gazela sendo perseguida por chetas, mostra uma visão de instinto, sobrevivência e no final, o mais forte vence, então, não, não concordo quando disse: “Ao invés de dar personalidade e explicar as motivações das figuras no filme, vamos colocar imagens de animais no meio da produção. Humanos são animais, simbolismo, sabe, algo profundo? Só que não. Acabou nosso estoque de imagens de animais? Bota mais uns efeitos especiais de qualidade duvidosa e tiroteios sem fim. Isso deve distrair o público.”, Luc quis dar vida a personagem, como? Mostrando que ela era vulnerável, com medos e sonhos, assim como uma gazela feliz no meio da savana, mas quando é encurralada por chetas, ela tenta correr, tenta sobreviver, seu instinto a leva isso, mesmo fracassando no final, ela tenta, pois isso é o que move um ser humano. Devo concordar com você quando disse que o filme deveria abranger um pouco mais os detalhes, como quando atingimos 20% da capacidade mental, como ela consegue dirigir sem nunca ter ficado atras de um volante anteriormente. Porém, se isso ocorresse, Lucy seria dividido em 2 longas cansativos e entediantes. Provavelmente iriamos desligar a tv no início do filme.
    Porém, a algumas lacunas que devem ser preenchidas e eu acho que haverá uma sequencia em breve. No final, tudo o que sabemos é que Lucy se tornou uma espécie de “Deus”, com completo controle em sua capacidade cerebral. Um pendrive entregado ao dr° Norman e uma mensagem simples. Mas… qual o real motivo dela ter levado o capitão consigo? Qual o real motivo dela ter dado aquele beijo nele sendo que aquela era praticamente a primeira vez que se encontravam e porque o dr° Norman havia dito para ela “passar seu conhecimento adiante” ? para mim, há mais coisas vindo por ai, possivelmente uma sequencia aprofundando no que esta no pendrive, em uma possível reprodução (de algum modo), porque não?
    Emfim…mesmo…”simples” , o filme não é de todo mal, basta prestar um pouco mais de atenção.

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